MUTAÇÃO

Sou Regina Helene, artista visual, Autodidata. Formei-me em Direito na PUC - SP, contudo nunca exerci a advocacia. Por um longo tempo atuei prioritariamente como empresária. Porém, mesmo alcançando sucesso no mundo empresarial, sentia-me vazia. Minha vida estava desbotada. Nada fazia sentido. Até que em 2.000 elaborei dois projetos para a comunidade em que eu estava inserida - um social - P.A.S.S.O (Projeto Absorção Social dos Sem Oportunidades) e o outro de desenvolvimento turístico sustentável, Vila Darcy Penteado. Com a fundação e consequente início de funcionamento do P.A.S.S.O em 2001, projeto que atendia crianças e jovens sem reais oportunidades de transformação de seus destinos resolvi assumir o papel de voluntária nesse projeto social tornando-me orientadora na oficina de arte, mais especificamente, nas oficinas de modelagem com argila (escultura) e papel machê. Nesse momento, com a arte mais presente na minha rotina de vida pude descobrir o que dá cor a minha existência - a arte. Só me coube, então, nela mergulhar incondicionalmente. Caminhei da escultura para a pintura abstrata informal e por fim, para a fase atual - a arte têxtil contemporânea. E foi aí que me encontrei por completo. Ao perder o medo de ousar e deixando de lado os julgamentos, meus e de outros para comigo, propiciei o transbordar da legítima inspiração. A intuição assumiu o comando reservando papel secundário para a razão, estar empresária . Os movimentos repetitivos, como um mantra, ao anularem o tempo e espaço levam-me a um processo meditativo em que a criação flui sem impedimentos racionais. Decidi, portanto, mesmo que tardiamente no tempo Cronos, abraçar o que dá sentido à minha existência - a Arte - fazendo valer o tempo Kairós . Vocês poderão me perguntar Como descobriu a arte têxtil E eu me adianto respondendo que a minha curiosidade pelo universo feminino conduziu-me até ela e para descobertas relacionadas a ela. Na História da Humanidade constata-se que por séculos foi essa arte - do tecer e fiar - a única expressão possível permitida para as mulheres. Já na mitologia grega encontramos grande parte de suas deusas como tecelãs. Simbolicamente as deusas ao criarem os fios, estruturam o Universo. Ou melhor, organizam o Caos estabelecendo o Cosmo. Posso dizer que pela arte, têxtil, também eu me organizo. Organizo o meu caos interno alcançando o equilíbrio pela criação. A arte têxtil materializa a minha sensação de transbordamento, intensidade que não mais cabe ficar aprisionada por molduras limitantes. Como uma metáfora plástica minhas obras buscam pelo simbolismo gerar transbordamento pela intensidade de cores, materiais... pela brasilidade. Estou transbordando ao abrir passagem para o meu mundo intuitivo, fantástico, singular e infinito ao tornar tangível, até então, o intangível . Na minha trajetória artística em 2019 tornei-me orientanda do artista visual Waldo Bravo . Em um segundo momento busquei conhecimento da teoria junguiana com o artista visual e curador Raul Boledi. Com ele, Raul Boledi, concentrei-me nos arquétipos aplicados a criação como a” Saga da alma Feminina”, “O símbolo na arte” e O arquétipo feminino criador da arte . No momento atual, fim de 2020 até o momento presente, encontro-me sob orientação da artista visual, curadora e filósofa Lia do Rio.